Preconceito no Divã

Assisti ao Divã dessa semana sobre namoro virtual e até me reconheci em algumas cenas, como quando não conhecia o Dani nem pela webcam, quando passava horas conversando e ia dormir feliz, quando a conexão caia e ficava desesperado sem ter acesso. Domingos Montagner(foto), participou do 1º episódio e agora faz o capitão Herculano em Cordel Encantado. Ele mantém a forma com o corpo malhado aos 48 anos. O programa teve vários figurantes cinquentões charmosos, grisalhos que Mercedes paquerava, mas teve uma cena que não gostei, achei o comentário bem pejorativo e homofóbico. Ela e a amiga parada no trânsito quando um carro ao lado para e um bonitão cinquentão grisalho, cara de superman sorri pra elas, rola aquela paquera, até que entra um outro charmosão cinquentão no carro dele e começam a sorrir pra elas. Como antes, elas não sabiam se o cara estava paquerando uma ou outra, com 2 caras, cada uma ficaria com um e Tânia comenta: nossa, acho que ganhamos na loteria. Depois, reparando melhor, o segundo cara estava com um cachecol pink, o único detalhe que indicaria que era gay e eram um casal gay, pois eram viris. Aí Mercedes comenta: “Não deu loteira, deu é jogo do bicho, e já até sei que bicho deu” E caem na risada. Claro que a piadinha sem graça do roteirista se referia a veado, e eu que estava gostando da série pelo humor inteligente e não preconceituoso, como o personagem gay Renée, interpretado por Paulo Gustavo, que ganhou simpatia no filme que deu origem a série, mas que na película foi só uma ponta e na série, que começa onde o filme terminou, ele tem mais participação, pelo carisma com o público. Mas podiam ter comentado: “Xi, quem ganhou na loteria pelo jeito foi o namorado dele” que seria muito mais elegante. Agora, insinuar o nome pejorativo de viado não foi legal, é mais uma sutileza dessas que contribui para o preconceito social.